sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Casos de aids estão caindo no Amazonas

Diminuíram os casos de aids registrados no Amazonas. A informação é da Fundação de Medicina Tropical de Manaus (FMT), que divulgou um estudo realizado entre os meses de janeiro de 1999 a dezembro do ano passado, quando foi registrada uma redução de quase 50% no número de pessoas com aids no Estado. Isso não significa, entretanto, que a doença esteja sob controle. Pelo contrário, a aids continua ocorrendo na capital e nos municípios do interior. De janeiro de 1986 a fevereiro deste ano, a FMTM detectou 1.404 pacientes infectados, dos quais 602 já faleceram.

As estatísticas da FMT indicam que ao longo de 1999 foram identificadas 242 pessoas contaminadas pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Ano passado, o número de casos registrados foi de 118, ou seja, uma significativa redução nos níveis de contaminação, que deste 1986, quando surgiu o primeiro caso de aids no Amazonas, não parava de crescer.

A maior concentração de casos continua na capital, com 1.266 pessoas contaminadas, a maior parte delas do sexo masculino, na faixa etária dos 30 aos 34 anos (249 casos), seguidos de perto pelos pacientes entre 25 e 29 anos (240 casos). A maior incidência da doença é entre os homens - são 1.059 contra 345 mulheres, o que significa cerca de três homens para cada mulher com aids.

Na capital, o HIV teve como ponto de partida a Zona Sul, que abrange o Centro da cidade e os bairros de Educandos, Aparecida, Morro da Liberdade, Cachoeirinha, Praça 14, Japiim e Distrito Industrial. A média de casos registrados na Zona Sul corresponde a 38,32% (485 casos) do total de pacientes.

A Zona Leste vem logo em seguida com 207 casos da doença (16,38%) espalhados pelos bairros do São José, Coroado, Armando Mendes, Zumbi, Jorge Teixeira, Puraquequara e Colônia Antônio Aleixo. Outra zona habitacional com elevado porcentual de casos é a Centro-Sul, que abrange os bairros do Parque Dez, Adrianópolis, Nossa Senhora das Graças, Aleixo, Chapada e São Geraldo, onde a FMT diagnosticou 174 casos confirmados.

A Zona Oeste de Manaus, embora menos populosa, teve 140 pessoas infectadas pelo vírus HIV. Os casos foram detectados nos bairros Nova Esperança, Compensa, Vila da Prata, Tarumã, São Raimundo, Glória, São Jorge, Santo Antônio, Lírio do Vale e Ponta Negra.

Na Zona Norte, que nos últimos anos teve grande expansão demográfica por conta dos bairros Cidade Nova, Monte das Oliveiras, Santa Etelvina e Novo Israel, a FMT registrou a ocorrência de 125 casos. A zona de menor incidência é a Centro-Oeste, que abrange bairros de classe média como Redenção, Planalto, Dom Pedro e Alvorada, onde foram identificadas 135 pessoas infectadas.

Números podem ser dez vezes maiores

De acordo com o médico especialista em doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) da FMT, Nelson Barbosa, os 1.266 casos de aids registrados em Manaus representam apenas a ponta do "iceberg". "Acreditamos que o número real de pessoas infectadas seja pelo menos dez vezes maior, ou seja, teríamos mais de 12 mil portadores do vírus HIV apenas em Manaus", frisou Nelson Barbosa. Ele explicou que a doença tem um período de incubação de cinco anos, em média, após o primeiro contato com a pessoa portadora do HIV. "A aids não vê cara, tampouco a condição social de suas vítimas. Mesmo que uma pessoa contaminada não dê sinais da doença, este indivíduo pode espalhar o vírus para homens e mulheres que não usam proteção adequada como preservativos e seringas descartáveis", acrescentou Nelson.

Distância ajuda a frear vírus

Embora o vírus da aids tenha surgido no Amazonas na segunda metade da década de 70 - o primeiro caso foi notificado oficialmente em abril de 1986, em Manaus - a aids só começou a se alastrar no Estado a partir da década de 90. Após unir informações e fichas médicas de pacientes internados em diversos hospitais dos 61 municípios do interior, a FMT identificou 138 pessoas contaminadas pelo vírus HIV. As localidades com maior número de indivíduos infectados são Parintins e Tabatinga, com 18 pacientes cada. Em seguida vem Tefé com 15 casos confirmados, Presidente Figueiredo com 10, Manacapuru com nove, Itacoatiara com oito, Iranduba com sete e Coari com seis pessoas contaminadas. Ao todo são 34 municípios com casos confirmados de aids, o que representa mais de 50% dos municípios amazonenses. A doença começou a se difundir pelo Estado a partir de 1991, quando Manaquiri (a 65 quilômetros de Manaus) teve o primeiro caso de aids registrado no interior amazonense. No rastro de Manaquiri vieram Parintins, Tefé, Manacapuru, Lábrea e Beruri, que em 1992 tiveram registrados seus primeiros casos de aids. Ano passado foi a vez de a doença se alastrar para os Municípios de Boca do Acre, Castanho, Rio Preto da Eva e Urucará, com um caso de aids em cada localidade. De acordo com a FMT, o HIV só não se alastrou ainda mais no Amazonas por causa das dificuldades de transporte e às dimensões "continentais" do Estado, que até hoje funcionam como uma barreira para a disseminação da aids.